terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Revisão do ano e um pouquinho sobre PANC's

É, estamos entrando na reta final das reuniões do Quinta das Plantas de 2015, época de nos reunirmos com a família, de viajar, enfim parar um pouquinho e recarregar as energias para o novo ano que promete! Focados nisso, quinta passada foi dia fazer um balanço do ano e assim apresentar idéias e sugerir melhorias para 2016. 
Sem deixar de lado real motivo que nos une, foram introduzidas ao grupo algumas PANC’s (Plantas Alimentícias Não Convencionais), assunto que sempre gera muito interesse e surpresa ao constatar o quanto estamos rodeados todos os dias de verdadeiras preciosidades da natureza e muitas das vezes sequer nos damos conta disso . A mensagem adotada do dia foi: “É preciso prestar atenção, se despir de velhos estigmas e dar uma segunda chance, pois se a primeira impressão é a que fica, um segundo olhar pode fazer toda a diferença!”


Mas o que são PANC’s?

Segundo Lorenzi e Knupp (2014) podem ser consideradas como Plantas Alimentícias Não Convencionais, frutos, frutas, folhas, flores, rizomas, sementes e outras estruturas ou partes das plantas que podem ser consumidas pelo homem tanto in natura e após algum tipo de preparo culinário. Portanto trata-se de ‘partes de plantas não convencionais’, como também de ‘partes não convencionais’ de plantas comuns ou convencionais.
Um bom exemplo é a banana, o uso de seus frutos maduros é comum, mas normalmente não são utilizados seus frutos verdes, as cascas dos frutos maduros, o coração (mangará), flores e outros tantos usos potenciais.
O uso de algumas dessas plantas chega a ser  desprezado na totalidade por falta de conhecimento enquanto que de outras se tem conhecimento apenas de seu potencial medicinal, mas não alimentício.

Agora vamos falar um pouquinho sobre algumas PANC’s estudadas no último encontro do grupo:

Picão-preto (Bidens pilosa L.)

Outros nomes Populares: Pico-pico, amor-seco, carrapicho-de-agulha, coambi, fura-capa.
Família Botânica: Asteraceae
Nativa da América Tropical e largamente naturalizada em quase todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Apesar de seu  uso medicinal bem difundido no Brasil, em amplo levantamento realizado pelo IBGE na década de 1970, a espécie foi apenas citada como hortaliça folhosa e não como medicinal. Atualmente seu uso como alimento no Brasil é muito restrito.
Boa fonte de proteína, fibras, magnésio, e com alto teor de cobre.
As folhas podem ser utilizadas no preparo de sucos refrescantes com limão, risotos e refogados. 


Buva (Conyza banariensis (L.) Cronquist)

Outros nomes Populares: erva-lanceta, enxota, salpeixinho, voadeira, catiçoba, rabo-de-foguete.
Família Botânica: Asteraceae.
A planta ocorre como subespontânea em pomares, beira de estradas e terrenos baldios, sendo considerada uma séria planta daninha de lavouras agrícolas sob plantio direto, pois desenvolveu resistência e/ou tolerância ao herbicida glifosato, sendo mundialmente estudada neste sentido. Carece ainda de estudos químicos e bromatológicos.
As folhas e ramos são utilizadas na medicina popular (antiácido e antitussígeno, antidiarreica e antihemorroidal), e ocasionalmente na culinária na forma de temperos.
O sabor das folhas é ligeiramente picante, podendo ser utilizada como condimento para carnes e pratos variados ou consumida em saladas cruas, cozidas, ensopados, risotos e refogados. 


Tanchagem (Pantago australis Lam.)

Outros nomes Populares: tansagem, línguas-de-vaca, cinco-nervos, bopka, llanten.
Família Botânica: Plantaginaceae.
Cresce Espontaneamente em áreas antropizadas, como pomares, hortas, jardins, e solos agrícolas em geral, principalmente sombreados, chegando a ser considerada uma planta daninha em diversos locais.
A tanchagem é utilizada para diversos fins medicinais, tais como cicatrizante, anti-inflamatória antibacteriana, adstringente, desintoxicante, expectorante, depurativa, descongestionante, digestiva, diurética, tônica, sedativa e laxativa. As sementes podem ser consumidas in natura. As infrutescências maduras podem ser puxadas (debulhadas) ainda aderidas à planta mãe após assoprar para liberar a ‘’palha’’ excedente, restam apenas as sementes. Das sementes das espécies deste gênero, se extrai uma substância mucilaginosa chamada psyllium. A inclusão destas sementes em cereais matinais reduz a taxa do colesterol total e do colesterol ruim (LDL) em 5% e 9%, respectivamente.
Na culinária suas folhas podem ser utilizadas no preparo de pães, bolinhos, refogados, etc.


Lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. Koenig)

Outros nomes Populares: gengibre-do-brejo, açucena, jasmim-borboleta, colônia.
Família Botânica: Zingiberaceae.
Cresce espontaneamente em várzeas úmidas e pantanosas de quase todas as regiões do país, considerada como uma planta daninha. Raramente é cultivada com fins ornamentais devido ao seu crescimento agressivo. Os botões florais e flores podem ser cozidos e servidos com molho de pimenta e usados como condimento. A fécula dos rizomas é usada no combate à tosse, é comestível, rica em amido que é muito útil na fabricação de biscoitos, pães, bolos, etc. Das flores podem ser preparados desde sorbets até saladas, sanduíches e bebidas aromáticas como o quentão.
Os rizomas do lírio-do-brejo possuem usos medicinais diversos, como anti-inflamatório, associado à presença de diterpenos e coronarinas.
  
Extraído e adaptado de:

KINUPP, Valdeli Ferreira; LORENZI, Harry. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014.