sábado, 19 de julho de 2014

Quinta no viveiro

O grupo se reuniu nesta quinta-feira no novo viveiro da Sede. Está ficando bonito e organizado, com bancadas de materiais reaproveitados, enfeitado de vasos e mudas, acarinhado pelos amantes da natureza, mãos que se comunicam com a terra, mãos que multiplicam a vida.
Neste dia nos dedicamos a limpar os "matinhos" que invadiram as mudinhas no viveiro, refizemos algumas mudas, transferimos outras, fizemos mudas de Yacon e conhecemos a Raiz Forte.
Foi um encontro agradável, onde trocamos conhecimentos e nos alegramos com o trabalho.

YACON
Nome Científico: Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. Rob.
Família botânica: Asteraceae (Compositae)
Planta nativa das regiões montanhosas e altas da Cordilheira dos Andes (Venezuela ao norte da Argentina). O Peru é o principal país produtor.
Uso popular:
Brasil: folhas secas, trituradas e preparadas na forma de infusão, usado como hipoglicemiantes.
Bolívia: raízes cruas como diurético em afecções do rim e da bexiga, decocção (ou suco) da raiz em casos de cistite, hepatite e nefrose.
Peru: cataplasmas quentes com as folhas para mialgias e reumatismo
Obs: O uso do yacon em diabetes foi aprovado pela SecretariaMunicipal de Saúde de Diadema, São Paulo.
A inulina também aumenta a absorção de cálcio em humanos. Estudos realizados com mulheres jovens demonstraram que a administração diária de 8g de inulina + oligofrutose durante 3 semanas aumenta a absorção de cálcio, chegando a resultados semelhantes a outros estudos com humanos, porém com grupos menores (Griffin, et al., 2002; Abrams, et al., 2005).  (Alonso & Desmarchelier, 2005).

Consome-se a raiz in natura ou em saladas de frutas. A raiz possui sabor semelhante ao da pêra.
O yacon é utilizado também como edulcorante e aromatizante em alimentos, em especial iogurtes probióticos.
Devido o efeito hipoglicemiante, deve-se consultar um médico para combinar extratos de yacon com outras drogas hipoglicemiantes.


RAIZ FORTE
Nome Científico: Armoracia rusticana
Família botânica: Brassicaceae (antes Cruciferae)
Nativa da Europa Oriental e Ásia Ocidental. Utilizada pelos povos europeus. 
Antigamente, na Europa Medieval, misturava-sem a raiz-forte ao vinagre e usava-se em peixes e carnes. Atualmente as raizes são muito utilizadas, principalmente na Alemanha, no preparo dos molhos e para temperar cozidos de carne, verduras, conservas de verduras como o chucrute, além de ovos, omeletes, e até mesmo preparando vinagres aromáticos, molhos, presuntos e embutidos.
Rica em óleos essenciais, responsável pelo seu aroma e seu sabor característico. Possui também resinas de sabor amargo, ácido acético, acetato de cálcio, sulfato de cálcio, sais minerais e vitaminas, principalmente a C e A. Possui ação anti-séptica, antiescorbútica, digestiva, estimulante, estomáquica, laxativa, vermífuga e diurética. Pode ser utilizada no tratamento de gripes, resfriados, febre, e até mesmo em infecção urinária. Externamente pode ser utilizada em forma de cataplasma no tratamento de reumatismo, dores musculares e até mesmo bronquite. Na Europa eles preparam um xarope para o tratamento da rouquidão.


Receitas Européias 
-Misturar um copo de yogurte fresco, 2 colheres de raiz-forte, 1 colher de alcarávia (tipo de cominho) e sal a gosto. Mexer bem e deixar na geladeira. Servir com legumes cozidos e crus, como antepasto.

-Geléia de maçã com raiz-forte
1,5kg de maçãs picadas em pedaços, com casca e tudo, cozidas em um pouquinho de água, amassadas e peneiradas. 
Levar o peneirado ao fogo novamente com 2 xícaras de açúcar e meia xícara de raiz-forte. Mexer até dar o ponto de geléia.

Ponto de geléia: Quando o líquido na panela estiver ficando espesso, colocar um pouco da geléia em um prato com água e com os dedos tentar fazer uma bolinha. Se a geléia se desmanchar é porque ainda não está pronta, agora se a gotinha ficar inteira é porque já está no ponto. 

Visitem a página
 http://blogs.estadao.com.br/paladar/isto-e-wasabi/ para saber a diferença entre raiz forte e wasabi.



Abertura do encontro
Seleção das raízes de yacon
Fazendo mudas de yacon
Grupo trabalhando



Batata Yacon
Aperitivo de yacon
Raiz-forte

sábado, 12 de julho de 2014

Dente-de-Leão



Planta herbácea vivaz, lactescente (leitosa), acaule e cespitosa (cresce lançando novos brotos de maneira aglomerada, formando uma touceira), que cresce de 5 a 30cm em altura e cuja raiz pivotante amarelada pode atingir até 40cm. 
A parte aérea da planta é anual, mas a subterrânea é perene. 



Folhas em roseta basilar densa, glabras, radicais, oblongas ou lanceoladas, polimorfas, runcinado-pinatífitas ou pinatipartidas, segmentos ou lobos desiguais, triangulares ou oblongos, agudos, incisados ou denteado-acuminados, sendo o terminal mais amplo, com os segmentos laterais virados para a base. 




Flores amarelo-intenso, liguladas, formando um grande capítulo com invólucro duplo de brácteas externas mais curtas voltadas para baixo, disposto sobre um comprido pedúnculo radical de cerca de 15 a 30cm, glabro ou araquináceo, ereto, oco, monocéfalo, cilíndrico, fistuloso.


 Fruto aquênio cinzento-azulado, oblongo-fusiforme, estriado, terminando com papilhos de pêlos brancos, radiados, sedosos, formando uma armação globóide que se rompe facilmente com o vento, resultando na disseminação das sementes.


Rizoma vertical, espesso, castanho-escuro e esbranquiçada no corte, exsudando látex branco, com cerca de 1cm de diâmetro, donde partem simultaneamente as folhas e os escapos floríferos.

NOME BOTÂNICO 
Taraxacum officinale Weber.

FAMÍLIA BOTÂNICA 
Asteraceae.

OUTROS NOMES POPULARES
Amargosa, alface-de-cão, alface-de-côco, relógio-dos-estudantes, chicória-louca, chicória-silvestre, coroa-de-monge, salada-de-toupeira,dente-de-leão-dos-jardins, frango, quartilho, radite-bravo, soprão, taraxaco.

HABITAT
É uma espécie alóctone, ou seja, não tem suas origens no lugar onde existe. Ela é originária de Portugal.
É encontrada até 2.000m de altitude. Cresce subespontaneamente em todo Brasil, principalmente como planta invasora de hortas, pomares e áreas degradadas, com aterros, cascalhos, etc (ruderais).
É de clima temperado, mas encontra-se disseminada desde as regiões glaciais até o Equador.
Sob temperaturas mais altas, as folhas e a planta tornam-se pequenas, quase rentes ao chão. É esciófita (adaptada a se desenvolver na sombra.).
Prefere solos areno-argilosos, não muito úmidos.

PROPAGAÇÃO
Sementes, divisão de touceiras ou meristemas da cepa.
O plantio ocorre no outono e deve ser feito diretamente no campo, pois o transplante de mudas interfere na formação da raiz.
As sementes não devem ser enterradas, pois a falta de luz retarda ou inibe a germinação (sementes fotoblásticas). Deve-se somente depositar as sementes sobre o solo e comprimi-lás para maior fixação, irrigando 2x ao dia.
As lindas flores amarelas aparecem mais intensamente no início da primavera.
Para uma melhor produção de rizomas, deve-se eliminar o pendão floral.
A colheita inicia-se cerca de dois meses após a semeadura e é feita durante o ano todo (folhas) ou do outono ao inverno (raízes). A planta libera etileno, podendo afetar a fisiologia de plantas companheiras (alelopatia negativa)

PARTES UTILIZADAS 
Rizoma, folhas e inflorescência.

FITOQUÍMICA
Raizes: inulina (até 25%), derivados triterpênicos pentacíclicos provenientes do látex (isolactucerol, taraxerol, taraxasterol, acetatos e seus 16-HO-derivados), lactonas sesquiterpênicas (taraxicina, derivados do ácido taraxínico, 11-b-13-dihidrolactucina, ixerina D, ainslioside), uma resina ácida (taraxerina), goma, mucilagem (1%), fitoesterois (beta-sitosterol, estigmasterol), tiamina, ácidos graxos (ácido mirístico, palmítico, linoleico, linolenico), ácidos fenilcarboxílicos (ácido cafeico, clorogênico e p-hidrofenilacético), água (10-14%), frutose (até 18% na primavera), saponinas, glucosídeos benzílicos, beta-frutofuranosidase (enzima que despolimeriza a inulina), dihidroconiferina, siringina, dihidrosiringina, carotenóides, óleorresina fitosterol, óleo essencial e ácidos dioxinâmico,
p-oxifenilacético e tartárico.
A planta contém ainda, alcalóides, lactucopicrina, colina, levulina, pectina, tanino, altos níveis de ferro, pro-vitamina A, vitaminas (A, B, C, D, ácido nicotínico, nicotinamida), minerais de cobre, sais minerais: manganês, magnésio, ferro, silício, cobalto, níquel, sódio e notadamente potássio e cromo.
Folhas: flavonóides (apigenina, luteolina), vitaminas B, C e D, provitamina A (em concentração maior que a da cenoura), potássio, germanólidos, carotenóides (luteína, violoxantina), taraxacina (princípio amargo do grupo das lactonas sesquiterpênicas), aminoácidos (asparagina, glutamina) e cumarinas. Contém 9,73% de carboidratos 2,45% de compostos nitrogenados e 0,62% de matéria graxa (93).
Flores: lecitina, carotenoides (criptoxantina, crisantomaxantina, violaxantina, flaxantina, luteína, luteína-epóxido, criptoxantina-epóxido), taraxacina, beta-amirina, beta-sitosterol, vitamina B2, arnidiol, farnidiol, lipídeos (acilglicerídeos e ácidos graxos).
Látex: de cor branca e amargo, contém álcool cerílico, glicerol, ácido tartárico, lactucerol alfa e beta, derivados triterpênicos pentacíclicos descritos na raiz.
Pólen: cicloartenol, cicloartanol, 31-norcicloartanol, pollinastanol.

PROPRIEDADES ETNOTERAPÊUTICAS e AÇÕES FARMACOLÓGICAS
É tônica, por isso melhora a astenia (perda ou diminuição das forças ou da resistência do sistema nervoso). Funciona bem como antianêmica também.
Aperiente (estimulante do apetite)
Antiescorbútica,
Anti-reumática
Alcalinizante,
Anti-hemorrágica,
Antilítica biliar (evita a formação de cálculos e dissolve os existentes)
Anti-hemorroidária,
Antiinflamatória
Anódina (diminui ou elimina a dor)
Colagoga: (Inibe a secreção dos ácidos estomacais e promove a secreção biliar)
Colerética,
Depurativa do sangue
Expectorante,
Febrífuga,
Hipocolesterolêmica, hipoglicemiante e anti-hipertensiva
Laxativa,
Sudorífica,
Planta com efeito diurético importante, confirmado em estudos com seres humanos (Clare, et al., 2009).
Estimulante digestiva e depurativa hepática. O taraxaco, um composto do dente-de-leão, aumenta a secreção dos sucos gástrico e salivar, estimula a liberação de bile da vesícula biliar e do fígado, e atua como laxativo leve. Os resultados obtidos de estudos em animais e em seres humanos mostraram melhora na icterícia, hepatite e inflamação do ducto biliar.
A planta possui atividade anti-inflamatória e anti-nociceptiva através da inibição da produção de óxido nítrico e expressão de COX-2 e atividade antioxidante (Jeon, et al., 2008). Num pequeno grupo de paciente, a raiz do dente-de-leão foi utilizada com sucesso no tratamento da colite inespecífica crônica, produzindo alívio da dor abdominal, constipação e diarreia (Fetrow & Avila, 1999).

USO
Para distúrbios da função digestiva (estomacal, hepática, biliar, intestinal e prisão de ventre) e como diurético, é recomendado seu extrato alcoólico, preparado amassando-se em pilão 2 colheres de sopa de raízes e folhas picadas e deixando em repouso por 3 dias em 1 xícara de chá de álcool de cereais a 75% administrando 1 colher de chá diluída em um pouco de água antes das principais refeições.
Pode-se também empregar na forma de decocção, fervendo por 5 minutos, e tomando de 2 a 3 xícaras diárias (Alonso, 2004).
Para afecções de pele do rosto (pruridos, eczemas, escamações e vermelhidão) e irritação nos olhos, é recomendado o uso externo do seu chá, preparado com 1 colher de sopa de raízes picadas em 1 xícara de chá de água em fervura por 5 minutos e adicionando-se 1 colher de sobremesa de mel após esfriar e coar. Aplicar no rosto e inclusive nas pálpebras, com um chumaço de algodão, 2 vezes por dia, de preferência antes de deitar (Lorenzi & Matos, 2002; Panizza, 1997).
Para casos de cálculos biliares, e processos iniciais de cirrose e hepatite, recomenda-se a infusão da raíz fresca, na proporção de 1 colher da raíz para uma xícara de água. 

FORMAS DE USO
- Macerado: deixar macerar por 1 dia 1 colher das de chá de raízes em 1 xícara das de chá de água. Tomar ½ xícara antes das refeições (desintoxicante hepático e depurativo).
- Decocção: tomar 2 ou mais xícaras ao dia.
- Vinho: 1 colher das de raízes em ½ copo de vinho tinto seco. Deixar macerar 10 dias. Tomar 1 cálice antes das refeições (aperiente)
- Suco: bater no liqüidificador 4 folhas, água (1 copo) e gotas de limão. Tomar 2 a 3 colheradas do suco ao dia
- Salada: raízes e folhas novas podem ser consumidas cruas como estimulante da digestão.
. As folhas, flores e as raízes podem ser consumidas como hortaliça.
. As flores fritas constituem um ótimo manjar, e as sementes também são comestíveis.
. As raízes, torradas e moídas, dão origem a um produto sucedâneo do café, conhecido como "café de chicória".
. A planta também é forrageira, especialmente para coelhos, carneiros e vacas, por aumentar a lactação e a qualidade do leite.-
. A planta é apícola (atrai abelhas para produção de mel).


CONTRA INDICAÇÕES
Menores de 2 anos, gestantes ou lactantes
Cálculos biliares, inflamações na vesícula ou obstrução do trato gastrointestinal
Pessoas que utilizam medicamentos como anti-hipertensivos, antidiabéticos e diuréticos pode causar hipoglicemia, hipotensão e desidratação.


FONTE BIBLIOGRÁFICA

Horto Didático de Plantas Medicinais do HU.

JUNIOR, ANTONIO AMAURY SILVA. Apostila -EPAGRI -SC - Estação Experimental de Itajaí

LORENZI, H; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. p. 177.