quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ora-pro-Nobis

Nome botânico: Pereskia aculeata Mill.

Família botânica: Cactaceae

Nomes populares: ora-pro-nobis, carne-vegetal, proteína-vegetal, carne-de-pobre.

O nome científico Pereskia, é uma homenagem ao cientista francês Nicolas Claude Fabri de Pereisc, e o nome aculeata significa, espinho, agulha, devido aos acúleos dos frutos da planta.

É uma planta de origem das Américas Central e do Sul.

O nome popular ora-pro-nobis, significa em latim “rogai por nós” e tem uma lendária história dos tempos do ciclo do ouro, no Estado de Minas Gerais, na antiga Vila de São José, hoje as cidades de Tiradentes, Ouro Preto, Sabará e São João del-Rey. Por aquelas bandas havia padres europeus que plantavam no entorno das Igrejas um certo tipo de planta forrada de espinhos, fazendo com elas uma cerca viva. 

Em pouco tempo se tornaram conhecidas as propriedades alimentícias desta planta, das quais, as pessoas passaram a consumir as folhas como mistura na alimentação diária, principalmente a população menos abastada do local, fazendo com que ficasse conhecida como carne dos pobres, inclusive devido ao seu teor de proteínas. 
Os padres estavam sempre de olho nas cercas vivas para que não fosses desfolheadas pela população esfomeada, O único momento que os padres não podiam vigiar as plantinhas era durante os sermões da missa e que era rezada em latim, esse era o momento em que os pobres comilões aproveitavam para fazer sua colheita nas cercas das igrejas. 
Durante o sermão, na ladainha, a frase em latim era repedida – ora pro nobis – servindo de deixa e de nome ideal para o alimento recém-descoberto. 
A ladainha de todos os santos estendia-se por longos minutos dando tempo suficiente para uma boa colheita. 

Essa planta já foi pesquisada em 1974, pelo professor José Cambraia da universidade federal de Viçosa- MG, mas não se tornou muito conhecida. Felizmente essa realidade começa a mudar depois de pesquisas feitas pela Engenheira de Alimentos Criatina Y. Takeite da UNICAMP- SP, revelando que o Ora Pro Nobis apresenta qualidades nutricionais que podem reduzir a incidência de muitas doenças e melhorar a saúde pública reduzindo os custos governamentais nessa área.


Segundo as pesquisas da UNICAMP:

A planta contém cerca de 4 vezes mais vitamina C que a Laranja. Em 100 gramas de folhas frescas tem 185mg de vitamina C. 
As folhas são muito ricas em cálcio, magnésio, manganês, potássio, ferro e zinco (o zinco é responsável por milhares de funções celulares e sua deficiência baixa a imunidade). 
Pela sua riqueza em calcio e ferro é indicado para osteoporose e anemia. 
O que mais surpreendeu na pesquisa da UNICAMP, foi o conteúdo de ácido fólico, muito importante principalmente na gestação. 
As proteínas da planta contém todos os aminoácidos essenciais: 8 para os adultos e 9 para as crianças. Apresentou uma quantidade de Triptofano bastante elevada, pobre na maioria dos vegetais. Esse aminoácido é responsável pela síntese de serotonina, neurotransmissor que pode melhorar o humor das pessoas e a capacidade de relaxamento, reduzindo estados depressivos, melhorando o sono e consequentemente revitalizando todas as funções orgânicas.

As pesquisas também indicam que a ora-pro-nobis é rica em fibras e betacaroteno. 
O uso da planta pode auxiliar na redução dos problemas cardiovasculares e câncer, fortalecer o sistema imunológico e reduzir problemas de depressão. 

Apresentando todos esses componentes e sendo uma planta de fácil cultivo, considerada inclusive uma "praga" em certos lugares, é recomendado e possivel o seu uso na alimentação de escolas, hospitais, creches e asilos, melhorando a saúde e qualidade de vida de milhares de pessoas. 


As flores são melíferas e de uma beleza ímpar e podem ser consumidas como saladas.


As folhas são as mais consumidas em refogados, sopas, saladas e massas de pães.


Os frutos também são comestíveis, chamados nos Estados Unidos de Barbados Gooseberry.



Outra espécie Pereskia grandifolia Haw, também é usada na culinária, porém suas folhas são maiores e tem sabor mais amargo e suas flores são de cor rosa.




Fotos: Horto da AFFESC
Frutos das nossas Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata)
Nossa cerca viva de Ora-pro-nobis


Aula no Horto

O grupo Quinta das Plantas foi agraciado com uma aula do Prof. Alésio dos Passos.
Tivemos a oportunidade de andarmos pelo horto, desfrutando dos aromas e sabores, das texturas e das cores, acompanhados da "chuva" de informações científicas, curiosidades e saberes populares do nosso querido bruxo.
Foi uma tarde alimentadora para a nossa mente e relaxante para o nosso corpo.









quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Erva Baleeira


A Erva Baleeira é uma planta genuinamente brasileira, típica da Mata Atlântica, muito encontrada nas regiões litorâneas do sudeste e sul do País.

Até a pouco tempo a erva trazia o nome botânico de Cordia verbenacea, porém atualmente ela é denominada de Varronia curassavica Jack, tendo ainda outras sinonímias como Varronia verbenacea (DC.) Borhidi, Cordia curassavica auctt. bras. ex Fresen e Cordia salicina DC.

É uma planta da Familia das Boraginaceae, sendo um arbusto perene, muito ramificado e aromático. Suas inflorescências se apresentam terminais com pequenas flores brancas e os frutos são cariopses esféricas e vermelhas.
Essa planta tem vários nomes populares como: Erva-balieira, maria-milagrosa, caramona, erva-baleeira, erva-preta, maria-preta, catinga-de-barão, mijo-de-grilo, milho-de-grilo, salicina, cheiro-de-tempêro, etc.

Aqui na ilha encontramos muitas plantas pelas trilhas nos costões e praias. Contam os pescadores que o nome baleeira é porque ao sairem para o mar com suas embarcações chamadas baleeiras, muitas vezes se machucavam batendo-se na própria embarcação com o balanço das ondas e então esfregavam as folhas dessa erva no local da batida e segundo eles era alivio instantâneo.
O nome cheiro-de-tempêro dado por alguns é devido ao uso dessa erva na culinária, o cheiro se assemelha a um caldo de galinha e é usado para temperar caldos e molhos.
Os frutos são atrativos de pássaros.

A erva baleeira é comprovadamente um ótimo antiinflamatório, além de ser cicatrizante, analgésica, diurética, tônica, antiartrítica e antiulcerogênica. É usada também para gota, dores musculares e da coluna, reumatismo, artrite reumatóide, prostatites, nevralgias e contusões e também para feridas externas e úlceras. O chá em infusão melhora os sintomas dispépticos e aumenta a diurese.

Popularmente a planta é usada também em forma de cataplasmas, tintura ou alcoolatura, as pastorais da saúde também produzem cremes e pomadas de uso externo.
Temos hoje também disponível no mercado um creme de erva baleeira chamado Acheflan, de uso tópico com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, idealizada por um dos proprietários dos Laboratórios Aché, Victor Siaulys (falecido em 2009) que em passeio no litoral e distante de qualquer farmácia, sentindo muitas dores musculares foi medicado por um morador local que lhe aplicou a tal erva-baleeira e o resultado foi rápido, a dor passou e o empresário iniciou o trabalho de produzir uma pomada com essa erva nativa, O Acheflan foi desenvolvido e patenteado pela empresa farmacêutica Aché, tendo como pesquisadores e criadores o farmacêutico e doutor em Tecnologia Farmacêutica, Luiz Pianowski, proprietário do Kyolab, um laboratório de desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos e sintéticos, com sede em Valinhos, interior de São Paulo.e os dois parceiros e colegas farmacologistas Dagoberto de Castro Brandão e João Batista Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC.

Há na natureza uma ou outra espécie semelhante à erva baleeira, é a Cordia monosperma, chamada aqui na ilha de Trinca-Trinca, que é usada popularmente como antiinflamatória em banho de assento para a cura de hemorróidas.










terça-feira, 12 de agosto de 2014

Cozinhadinha (Cozinha Dinha)

Dinha é filha da minha madrinha / ela adora brincar de cozinhadinha / Arroz branco, feijão e farinha / com poucos tijolos faz logo um fogão / panela em cima da brasa; senta no chão / gravetos ardentes, água e sal na mão / Feijão queimado, arroz empapado / farinha grudada, nada do agrado / Gostoso demais! Come e faz figuinha! / Sabor da infância: cozinha, Dinha!

Pensa que é de chocolate, faz um quadradinho / só com água e terra: o barro vira um bolinho / Dá gosto de ver! Fica assim tão bonitinho!/ Vai rápido lá atrás daquela goiabeira / Chama o seu irmão que está de bobeira / Ele chega de supetão; com fome: o bolo some! / Ele mastiga, engole e nem sequer cheira / – Éca!!!! / Mas seu irmão, hein! Acabou com a brincadeira!

Antigamente nas cidades pequenas, lugarejos no interior, no campo, na roça; e eu creio que ainda hoje em muitos recantos deste nosso imenso país, as crianças ainda brinquem de cozinhadinha.
Uma brincadeira lúdica onde se montava um foguinho no quintal e saía-se catando tudo que havia por perto e pudesse ser comido, ou não, rsrsrs... mas era feito uma comidazinha ou uma cozinhadinha.

Hoje voltamos a ser crianças, nosso encontro foi uma cozinhadinha! 
O grupo se espalhou pela grande Sede da AFFESC e colheu muitos ingredientes interessantes. 
Com um tanto de criatividade, vontade e mão na massa, liderados pela Chef Cléa e a Farmacêutica Viviane, os participantes se reuniram no salão e o resultando do trabalho foi tão maravilhoso que na hora da degustação o único som que se escutava era uma suave canção: hum hum hum!!

E de lambuja, como diz o gaúcho, deixo umas receitas da nossa cozinhadinha.

CHUTNEI DE MANÁ CUBIU
1kg de maná cubiu
2 a 4 xícaras de açúcar mascavo
3 pimentas dedo de moça sem sementes
50ml de vinagre
3 folhas de pimenta da jamaica
Uvas passas
Descascar o cubiu, cortar em pedaços, acrescentar o açucar e os outros ingredientes e cozinhar até que derreta todos os ingredientes (fica parecido com uma geléia, bem mole).

PESTO DE MANJERICÃO E CAPUCHINHA
Um maço de manjericão
Um maço de capuchinha com talo, folhas e flores
1 dente de alho
100g de parmesão
100g de amêndoas (pode usar castanhas ou gergelim) 
Azeite de oliva
Bater tudo no pulsar do liquidificador até virar uma pasta, ou melhor, um pesto.

PESTO DE PINHÂO E RÚCULA
8 pinhões cozidos
2 xícaras de rúcula
Azeite de uva
Um pouco de água
Bater tudo no liquidificador até virar pasta

DÔCE DE NÊSPERA (Ameixa de Inverno)
Ferver 3 copos de água com 1 copo de açúcar até formar uma calda rala
Descascar as nêsperas, deixar as sementes.
Mergulhar as nêsperas na calda e cozinhar até amolecer as frutas
As sementes conferem às frutas um sabor idêntico ao da amêndoa. Inclusive a  semente pode ser comida e o sabor é deliciosamente amendoado.

RISOTO DE TALOS E FLORES DO CORAÇÃO DA BANANAEIRA
Cozinhar arroz integral vermelho
Ferver separado talos de folhas de cenoura para o caldo
Abrir o coração da bananeira, retirando as flores e cozinhar em água. Após a primeira fervura, acrescentar suco de limão ou vinagre para eliminar o tanino das flores. Ferver novamente. As flores vão escurecer com o cozimento.
Refogar talos de cenoura, beterraba ou outros, acrescentar as flores cozidas e o caldo e acrescentar o arroz. Servir com salsa picada.


Orientações da Chef

Maná cubiu


Cozimento do Maná cubiu

Chutnei de maná cubiu quase pronto

Preparando as flores da bananeira

Flores do coração da bananeira

Cozimento das flores

Preparando o pão

Colhendo os ingredientes para a cozinhadinha

Nêsperas

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Chef Cléa

Batata Yacon

Yacon fatiada para a salada

Picando os talos

Preparando o pesto de capuchinha

Mesa pronta

Missão cumprida. Sorriso de satisfação!

Degustação

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Pratinho pronto!