É, estamos entrando na reta final das reuniões do Quinta das
Plantas de 2015, época de nos reunirmos com a família, de viajar, enfim parar
um pouquinho e recarregar as energias para o novo ano que promete! Focados
nisso, quinta passada foi dia fazer um balanço do ano e assim apresentar idéias
e sugerir melhorias para 2016.
Sem deixar de lado real motivo que nos une,
foram introduzidas ao grupo algumas PANC’s (Plantas Alimentícias Não
Convencionais), assunto que sempre gera muito interesse e surpresa ao constatar
o quanto estamos rodeados todos os dias de verdadeiras preciosidades da
natureza e muitas das vezes sequer nos damos conta disso . A mensagem adotada
do dia foi: “É preciso prestar atenção, se despir de velhos estigmas e dar uma
segunda chance, pois se a primeira impressão é a que fica, um segundo olhar
pode fazer toda a diferença!”
Mas o que são PANC’s?
Segundo
Lorenzi e Knupp (2014) podem ser consideradas como Plantas Alimentícias Não
Convencionais, frutos, frutas, folhas, flores, rizomas, sementes e outras
estruturas ou partes das plantas que podem ser consumidas pelo homem tanto in natura e após algum tipo de preparo
culinário. Portanto trata-se de ‘partes de plantas não convencionais’, como também de ‘partes não convencionais’ de plantas comuns ou convencionais.
Um bom exemplo
é a banana, o uso de seus frutos maduros é comum, mas normalmente não são
utilizados seus frutos verdes, as cascas dos frutos maduros, o coração
(mangará), flores e outros tantos usos potenciais.
O uso de
algumas dessas plantas chega a ser desprezado na totalidade por falta de
conhecimento enquanto que de outras se tem conhecimento apenas de seu potencial
medicinal, mas não alimentício.
Agora vamos
falar um pouquinho sobre algumas PANC’s estudadas no último encontro do grupo:
Picão-preto
(Bidens pilosa L.)
Outros nomes
Populares: Pico-pico, amor-seco, carrapicho-de-agulha, coambi, fura-capa.
Família Botânica: Asteraceae
Nativa da
América Tropical e largamente naturalizada em quase todas as regiões tropicais
e subtropicais do mundo. Apesar de seu uso medicinal bem difundido no Brasil, em
amplo levantamento realizado pelo IBGE na década de 1970, a espécie foi apenas
citada como hortaliça folhosa e não como medicinal. Atualmente seu uso como
alimento no Brasil é muito restrito.
Boa fonte de
proteína, fibras, magnésio, e com alto teor de cobre.
As folhas podem
ser utilizadas no preparo de sucos refrescantes com limão, risotos e refogados.
Buva (Conyza
banariensis (L.) Cronquist)
Outros nomes
Populares: erva-lanceta, enxota, salpeixinho, voadeira, catiçoba,
rabo-de-foguete.
Família Botânica: Asteraceae.
A planta
ocorre como subespontânea em pomares, beira de estradas e terrenos baldios,
sendo considerada uma séria planta daninha de lavouras agrícolas sob plantio
direto, pois desenvolveu resistência e/ou tolerância ao herbicida glifosato,
sendo mundialmente estudada neste sentido. Carece ainda de estudos químicos e
bromatológicos.
As folhas e
ramos são utilizadas na medicina popular (antiácido e antitussígeno, antidiarreica
e antihemorroidal), e ocasionalmente na culinária na forma de temperos.
O sabor das
folhas é ligeiramente picante, podendo ser utilizada como condimento para
carnes e pratos variados ou consumida em saladas cruas, cozidas, ensopados, risotos e refogados.
Tanchagem
(Pantago australis Lam.)
Outros nomes
Populares: tansagem, línguas-de-vaca, cinco-nervos, bopka, llanten.
Família Botânica: Plantaginaceae.
Cresce
Espontaneamente em áreas antropizadas, como pomares, hortas, jardins, e solos
agrícolas em geral, principalmente sombreados, chegando a ser considerada uma
planta daninha em diversos locais.
A tanchagem
é utilizada para diversos fins medicinais, tais como cicatrizante, anti-inflamatória
antibacteriana, adstringente, desintoxicante, expectorante, depurativa,
descongestionante, digestiva, diurética, tônica, sedativa e laxativa. As
sementes podem ser consumidas in natura. As infrutescências maduras podem ser
puxadas (debulhadas) ainda aderidas à planta mãe após assoprar para liberar a ‘’palha’’
excedente, restam apenas as sementes. Das sementes das espécies deste gênero,
se extrai uma substância mucilaginosa chamada psyllium. A inclusão
destas sementes em cereais matinais reduz a taxa do colesterol total e do
colesterol ruim (LDL) em 5% e 9%, respectivamente.
Na culinária
suas folhas podem ser utilizadas no preparo de pães, bolinhos, refogados, etc.
Lírio-do-brejo
(Hedychium coronarium J. Koenig)
Outros nomes
Populares: gengibre-do-brejo, açucena, jasmim-borboleta, colônia.
Família Botânica: Zingiberaceae.
Cresce
espontaneamente em várzeas úmidas e pantanosas de quase todas as regiões do
país, considerada como uma planta daninha. Raramente é cultivada com fins
ornamentais devido ao seu crescimento agressivo. Os botões florais e flores
podem ser cozidos e servidos com molho de pimenta e usados como condimento. A
fécula dos rizomas é usada no combate à tosse, é comestível, rica em amido que
é muito útil na fabricação de biscoitos, pães, bolos, etc. Das flores podem ser
preparados desde sorbets até saladas, sanduíches e bebidas aromáticas como o
quentão.
Os rizomas do
lírio-do-brejo possuem usos medicinais diversos, como anti-inflamatório,
associado à presença de diterpenos e coronarinas.
KINUPP, Valdeli Ferreira; LORENZI, Harry. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014.